Entendendo a violência de gênero

Você já ouviu falar sobre violência de gênero? Antes de começar este texto, gostaria de fazer uma indicação e recomendação. Vale muito a pena conferir.

“Bom dia, Verônica” é uma nova série brasileira da Netflix que está super em alta. Para quem ainda não conhece, uma das temáticas tratadas na série é sobre a violência de gênero, porém contextualizada em crimes de feminicídio, relacionamentos abusivos e golpes aplicados a mulheres seguidos de estupro ou tentativa de homicídio. Um pouco pesado, não? Mas por que referenciar essa série nesse texto? Para o entendimento do contexto de violência de gênero que até mesmo gera dúvidas em muitas pessoas, a narrativa da série é fundamental.

Mas afinal, o que é a violência de gênero?

Ela consiste na discriminação e violência praticadas pelas mais variadas formas contra as mulheres em manifestações de desigualdade de poder estabelecidas ao longo da história entre homens e mulheres. A violência de gênero, além das mulheres, pode ser enquadrada para pessoas da comunidade LGBTQI+, todas denominadas como minorias sociais, que ainda buscam uma equidade na sociedade.

Acredito que as mulheres até hoje tentam evidenciar suas vozes em um mundo extremamente machista (e cheio de violência). Em pleno século XXI, atualmente em uma era de pandemia, a falta de informação acerca do movimento feminista ou até mesmo dos direitos das mulheres é muito alta. Sem acesso à informação, há mais espaço para o patriarcado tomar posse das relações e das desigualdades de gênero e criar um discurso sexista que visa inferiorizar as conquistas da luta feminina.

Para não ficar no senso comum, vou apresentar alguns dados acerca da gravidade da violência de gênero no Brasil, um dos países que mais se destacam em relação à violência contra as mulheres.

A pandemia também é um contexto que dificultou o aspecto da proteção de mulheres que eram violentadas por seus parceiros/familiares por conta do isolamento social.

Uma reportagem do Brasil de Fato, de 10 de outubro de 2020, afirma que desde que a pandemia do Coronavírus começou, 497 mulheres perderam suas vidas. Foi um feminicídio a cada nove horas entre março e agosto, com uma média de três mortes por dia. São Paulo, com 79 casos, Minas Gerais, com 64, e Bahia, com 49, foram os estados que registraram maior número absoluto de casos no período. No total, os estados que fazem parte do levantamento registraram redução de 6% no número de casos em comparação com o mesmo período do ano passado.

Os dados são do segundo monitoramento Um Vírus e Duas Guerras, feito por parceria entre sete veículos de jornalismo independente, que visa monitorar a evolução da violência contra a mulher durante a pandemia. A atualização revelou que entre maio e agosto foram mais 304 casos de feminicídio, 11% a menos do que o mesmo período de 2019. O primeiro levantamento da série, divulgado em junho, mostrou que nos meses de março e abril, quando iniciou o confinamento da população por causa do vírus, 195 mulheres foram mortas em 20 estados.

Para ficar mais nítido: feminicídio trata dos assassinatos de mulheres em que o fato de serem mulheres foi fator essencial no crime, já o homicídio de mulheres indica mortes não ligadas a questões de gênero, como mortes em assaltos ou outras formas de violência.

Diferente da narrativa ficcional da série, porém que retrata a realidade de muitas mulheres, Bom dia, Verônica representa a história de muitas mulheres e por isso está sendo muito elogiada pela crítica. É necessário que consigamos entender a gravidade da realidade das mulheres no nosso país e lutar por melhorias e justiça.

Para concluir esse texto, gostaria de enfatizar a todas as nossas leitoras: caso você esteja passando por uma situação de violência ou não se sinta protegida, ligue para o 180 e peça ajuda. Nossa equipe do Sextual também está disponível para oferecer outras formas de ajuda. Somos nós por nós.

Ouça aqui o episódio correspondente a esse artigo: